5 Dias: E daqui a alguns anos?


Uma coruja pousou sobre a cerca.
- O que foi, vovó? – perguntou o garotinho largando o lápis azul sobre a folha de papel.
- O que? – disse acordando do seu breve transe.
- Vovó, por que você está observando aquela coruja branca? – O garotinho apontou para a coruja que agora o encarava.

A senhora pensou, e por fim respondeu calmamente.
- Não é nada querido. O que você está desenhando?
- Ah é um castelo… Ele é mágico com bruxos e tudo… Você acredita em magia?

Ela ia responder, mas como um gesto involuntário, fechou os olhos e viajou nas suas lembranças. De repente tudo pareceu tão claro como se nunca tivesse saído de sua imaginação, a plataforma de trem, o castelo, o menino que sobreviveu. Coisas que não passavam por sua cabeça havia anos, e ela desejou voltar no tempo. Sabia que aquilo existia em sua mente, e ela não voltava ao seu refugio há anos, e sentia falta. Uma lágrima rolou dos seus olhos.
- Sim, acredito.
- Verdade, vovó? A minha professora disse que não é verdade, que não devemos acreditar em coisas mágicas e essas coisas. Ah, vovó, estou tão feliz que a senhora concorda comigo. Gostaria que fosse verdade.

A senhora pensou por alguns instantes e por fim disse.
- Querido, vou te contar um segredo: quando eu tinha um pouco mais que a sua idade, eu viajei para um lugar igual ao seu desenho, e eu posso voltar assim que sentir vontade, sabia? – os olhos do menino brilhavam enquanto ela falava – Venha, eu posso te mostrar.

Ela conduziu o menino até um baú que ficava ao lado do sofá, e o abriu.
- Aqui está. – ela apontou para o conteúdo do baú.
- Mas vovó, são apenas livros velhos. – disse desapontado.
- Não são apenas livros. Dentro de cada um destes livros há um passaporte para um mundo mágico.
- Você fala sério? – duvidou o garoto.
- Sim, mas primeiro você precisa pegar o trem na plataforma nove três quartos. Sente-se aqui. - e apontou o lugar ao seu lado no sofá, o garoto sentou, abriu o livro e começou a ler.

Pela janela viu a coruja da cerca levantar vôo, e teve a breve ilusão que ela carregava uma carta por entre as garras, a senhora sorriu e voltou a ler.





Autor Desconhecido. *se você souber quem escreveu, deixe um comentário.

Comentários

  1. Nossa que lindo esse texto *-* eu li e fiquei imaginando. Quando fui ler em voz alta para meus primos fiquei em prantos e não acabei.

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